98680  ACESSOS

CRÔNICA

 

Os pais são os culpados

 

por Sandra Telló – Professora, mestre em Teoria da Literatura

 

Na semana passada, o país assistiu atônito a uma tragédia que, pouco a pouco, foi se delineando diante de toda uma nação.

 

Um jovem de 22 anos perdeu a cabeça por amor. Revoltado por ter sido preterido pela namorada, deu-lhe um fim, diante de milhões de pessoas que acompanhavam o caso, através da mídia. Foi ele uma Medéia dos tempos modernos. Assim como ela, a personagem trágica, não aceitou ser traída por Jasão, seu marido, ele, Lindemberg, não aceitou o término do namoro.

 

Desde os tempos primordiais, amor e ódio, paixão e ciúme são as marcas registradas do humano. Em qualquer relação, esses sentimentos se misturam, ora de forma equilibrada, ora de modo explosivo. Somos assim: complicados, difíceis.

 

Esse paradoxo entre o tudo e o nada, entre o amar e o não amar, entre o apaixonar-se e o desapaixonar-se, sempre atormentou os corações humanos e a contemporaneidade coloca tudo isso em xeque, dando-lhe novos sentidos, novas possibilidades interpretativas, novas possibilidades existenciais. Desengessa o conceito, reveste-o de liberdade, mas cria outras formas de angústia, de desintegração e de prisão e a sociedade acaba tornando-se vítima desses novos conceitos e ainda surpreende-se com casos trágicos de amor, que são tão velhos quanto o próprio homem.

 

Hoje as famílias já não têm mais regras como as que haviam antigamente. Os adolescentes querem dizer aos pais como eles devem agir. Os amigos dos filhos vivem de modo diferente: mais soltos, mais livres e, assim, todos querem viver.

 

Os pais, por isso, desistem do pulso. Desistem de dizer não. Desistem de brigar. Soltam as rédeas, porque dessa forma é mais fácil. Eles próprios, muitas vezes, já não têm mais os princípios éticos e religiosos a lhes nortear os passos. Entregam-se, por conseguinte, às regras do mundo, da mídia, do senso comum, que se tornam porta-vozes da “verdade”.

 

Observe-se o caso a menina Eloá. Desde quando alguém, aos 15 anos, deve ser morta por um caso de amor? Culpa dos pais que permitiram que tivesse um namoro de gente grande aos 12. Nem aos 15 os adolescentes poderiam ter um namoro de adultos. Os pais parece que estão esquecendo que cabe a eles estabelecerem as regras e os limites do namoro. Quando eles, os filhos, não têm idade, não têm idade e pronto; ponto final. A liberdade nessas questões precisa ir sendo dada paulatinamente. A sexualidade precisa ser amplamente discutida e encarada com profunda responsabilidade. Permitir que um namoro se inicie aos 12 anos é, no mínimo, falta de responsabilidade dos progenitores.

 

O caso que chocou o Brasil, no sábado à noite, é um exemplo típico da falta de autoridade dos pais sobre os filhos. Todos culpam a polícia, mas, a televisão e a cobertura jornalística, dadas ao caso também contribuíram para o trágico desfecho.

A responsabilidade dos pais da moça e a dos pais do rapaz, entretanto, em nenhum momento foi questionada, embora seja ela a que deva ser acusada, porque é a que está no bojo de toda a situação.

 

Que pais foram aqueles que não souberam educar de modo adequado seus filhos? Que pais foram aqueles que não souberam interceder bem antes, durante a evolução do namoro? Que pais foram aqueles que não conseguiram se fazer ouvir?

 

Ele, cego de amor, se é que assim se pode chamar aquele sentimento egoísta, matou tal qual Medéia. Ela, sem defesa, se foi, em hora errada, em dia errado, por negligência de uma sociedade despreparada para enfrentar problemas dessa ordem, por negligência de uma sociedade que não soube e que não mais sabe estabelecer regras e limites para uma convivência harmoniosa, mas principalmente pela negligência de pais que não sabem como impor sua autoridade sobre os filhos.

 

(fonte: Zero Hora)

 

 

Dentro de um abraço, de Martha Medeiros
Espelho mágico
Ele é mesmo imortal
Pastelzinho de amanhã
Tribo nossa de cada idade
Viagem intergaláctica
Quindim e merengue
Cria Atividade
A tristeza permitia de Martha Medeiros
Tratado sobre a paixão literária
O bate-estaca do Chevettão 75
Francamente, senhor Wilde
Tragédias anunciadas
Brincando de Blog
Coitadinhos dos nossos ouvidos
O amor deixa muito a desejar, por Jabor
Garota de Subúrbio
Tiririca da vida?
Para se roubar um coração
Saudade nenhuma de mim
O futebol e os brasileiros
Por uma vida sustentável
Alunos apáticos, escola idem.
Os desafios da biblioteca na nova escola
35 Anos para Ser Feliz
Complexo de Guaipeca, por Carpinejar
A falta que ela me faz
Lya Luft e o ano de pensar
A elegância do comportamento
Um homem que educava pelo exemplo
Antes que a Feira do Livro desapareça!
A Última Crônica
Uma homenagem aos professores
Dos oito aos oitenta
Mais uma de Arnaldo Jabor
Curiosidades sobre o Rio Grande do Sul
Algumas piadas para adoçar a vida!
Exigências da vida moderna
Moacyr Scliar: O Senhor do Anel
Sumiço de Belchior
Sentir-se amado, de Martha Medeiros
Histórias de bichos e de livros
David Coimbra, o fusca e o frio
OS 100 ANOS DO GRE-NAL
O eu invisível
O Avião
Marias-gasolina, por Martha Medeiros
O bem e o mal da internet
A língua em todas as disciplinas
A formação do cidadão
A mentira liberdade
O bom professor
O papel da escola e dos pais
O que ensinar nas aulas de Português
Beijo na boca de Martha Medeiros
Neocaipiras - de L F Verissimo
Consumismo e solidariedade no Natal
Como lidar com o diferente
Solidariedade e egoísmos
Os talentos em sala de aula
Os casamentos na praça dos livros
A maldição da norma culta
O curso de datilografia
Papéis invertidos
Professor de qualidade para todos
Pense nos seus professores
Uma vida de presente
Alma galponeira e peregrina
Educação ou dissecação?
Mais sombra e menos água fresca
A neutralidade como dever
As três irmãs
A vírgula - por Martha Medeiros
Avaliação não é ameaça
Somos sempre aprendentes
A reforma ortográfica
Humor: filho estudante escreve p/ pais
Crônica do amor, por Arnaldo Jabor
Tive uma idéia!
Remendar por não prevenir
Meu zeloso guardador
Não sorria, você está sendo filmado
A síndrome da notícia ruim
Mulheres do século XXI
Quase
A professora e a justiça
O universitário e o frentista
 
Roger Tavares - Todos os direitos reservados © Desenvolvido por iPoomWeb