98895  ACESSOS

CRÔNICA

 

Alunos apáticos, escolas idem

De pouco serve se queixar do desinteresse dos estudantes sem compreender e enfrentar isso como um problema da escola e do professor

Quando vemos os alunos indiferentes, precisamos compreender a situação e cuidar dela, pois a apatia em crianças e jovens não é natural e inviabiliza nosso trabalho, já que ninguém aprende se estiver desinteressado. Se for o caso de um único estudante de uma classe motivada, é provável que o professor ou o conselho de classe identifiquem, tratem ou encaminhem esse problema. No entanto, a situação mais comum, de muitos desinteressados, raramente é enfrentada, pois meros desabafos na sala de professores levam à conformação com o fato de que "eles são assim mesmo...".

Quem procurar saber se os desmotivados do 8º ano também o são fora da classe ou já eram no 4º ano provavelmente verá que a situação é diferente, como foi nos primeiros anos e, aliás, nem nos anos seguintes se houver um ambiente em que a cultura e o trabalho sejam valorizados. Portanto, "eles não são assim mesmo". Não se trata só de questões de personalidade ou da puberdade, mas de uma combinação de fatores. Há muitos alunos para quem o saber que a escola oferece parece supérf luo, pois eles convivem com quem já esqueceu tudo isso e não sente falta. E quando a Educação é tratada como "transmissão" de conhecimento, eles se frustram, pois esperam aulas-show que reproduzam o consumo passivo de certos entretenimentos.

Os mesmos jovens, em escolas que são espaços de trabalho e participação - onde as aulas servem para aprender os conteúdos e eles produzem jornais, mostras de ciência, campanhas sociais, espetáculos de teatro e música -, não se aborrecem nem se entediam. Ao contrário, aprendem a valorizar os conhecimentos e a desenvolver competências. Ou seja, não há a apatia nas escolas em que quem aprende é continuamente mobilizado para a ação e exposto a tarefas e desafios reais. Infelizmente, isso não é regra e é preciso propor alternativas.

A partir do 6º ano, é comum os professores não serem de uma só escola, terem centenas de alunos cujas características desconhecem e, simplificando sua dura rotina, repetirem aulas expositivas na sequência formal de livros e apostilas. Mesmo nessa condição, alguns conseguem despertar interesse em vários alunos, mas é compreensível que não sensibilizem outros, que acabam se tornando os estudantes "indiferentes".

O ideal seria garantir maior presença dos educadores, em convívio propiciado pelo seu pertencimento à escola. Se isso não for possível, um maior envolvimento deles no projeto pedagógico e a adoção de uma metodologia que privilegie a participação efetiva dos alunos pode ajudar. Custará um pouco mais, em horas-trabalho de docentes, mas surtirá um bom efeito naquela condição. Há outro problema que transcende a escola, mas que esta e seus professores também podem tratar: a distância entre os conteúdos do currículo e a cultura extraescolar de muitos alunos. A falta de bibliotecas e demais equipamentos culturais desestimula a leitura e dificulta o acesso dos jovens a produções artísticas e científicas. Isso equivale a reduzir seu universo de informação a pouco mais do que as horas diante de aparelhos de TV. Ainda que externa à escola, é uma condição de seus alunos e deve ser enfrentada.

Mas como fazer isso? Se não há museus de arte ou ciência nas imediações, fazem-se sessões coletivas com seus DVDs e visitas virtuais pela internet. Se não há sala de projeção nem internet, emprestam-se filmes para serem exibidos e depois discutidos. Se não há biblioteca e videoteca, denuncia-se isso e cria-se um programa de empréstimos. Planejam-se visitas a empresas e parlamentos locais e debatem-se as condições de saneamento e transporte na comunidade. E, para quem questionar se isso é função da escola, pergunte-se: então, de quem seria? E a quem se recusar a essa função, perguntese: então, de quem é a apatia?

Luis Carlos de Menezes -

 (físico e educador da Universidade de São Paulo - USP).

Para a REVISTA NOVA ESCOLA

 

 

 

Dentro de um abraço, de Martha Medeiros
Espelho mágico
Ele é mesmo imortal
Pastelzinho de amanhã
Tribo nossa de cada idade
Viagem intergaláctica
Quindim e merengue
Cria Atividade
A tristeza permitia de Martha Medeiros
Tratado sobre a paixão literária
O bate-estaca do Chevettão 75
Francamente, senhor Wilde
Tragédias anunciadas
Brincando de Blog
Coitadinhos dos nossos ouvidos
O amor deixa muito a desejar, por Jabor
Garota de Subúrbio
Tiririca da vida?
Para se roubar um coração
Saudade nenhuma de mim
O futebol e os brasileiros
Por uma vida sustentável
Os desafios da biblioteca na nova escola
35 Anos para Ser Feliz
Complexo de Guaipeca, por Carpinejar
A falta que ela me faz
Lya Luft e o ano de pensar
A elegância do comportamento
Um homem que educava pelo exemplo
Antes que a Feira do Livro desapareça!
A Última Crônica
Uma homenagem aos professores
Dos oito aos oitenta
Mais uma de Arnaldo Jabor
Curiosidades sobre o Rio Grande do Sul
Algumas piadas para adoçar a vida!
Exigências da vida moderna
Moacyr Scliar: O Senhor do Anel
Sumiço de Belchior
Sentir-se amado, de Martha Medeiros
Histórias de bichos e de livros
David Coimbra, o fusca e o frio
OS 100 ANOS DO GRE-NAL
O eu invisível
O Avião
Marias-gasolina, por Martha Medeiros
O bem e o mal da internet
A língua em todas as disciplinas
A formação do cidadão
A mentira liberdade
O bom professor
O papel da escola e dos pais
O que ensinar nas aulas de Português
Beijo na boca de Martha Medeiros
Neocaipiras - de L F Verissimo
Consumismo e solidariedade no Natal
Como lidar com o diferente
Solidariedade e egoísmos
Os talentos em sala de aula
Os casamentos na praça dos livros
A maldição da norma culta
O curso de datilografia
Os pais são os culpados
Papéis invertidos
Professor de qualidade para todos
Pense nos seus professores
Uma vida de presente
Alma galponeira e peregrina
Educação ou dissecação?
Mais sombra e menos água fresca
A neutralidade como dever
As três irmãs
A vírgula - por Martha Medeiros
Avaliação não é ameaça
Somos sempre aprendentes
A reforma ortográfica
Humor: filho estudante escreve p/ pais
Crônica do amor, por Arnaldo Jabor
Tive uma idéia!
Remendar por não prevenir
Meu zeloso guardador
Não sorria, você está sendo filmado
A síndrome da notícia ruim
Mulheres do século XXI
Quase
A professora e a justiça
O universitário e o frentista
 
Roger Tavares - Todos os direitos reservados © Desenvolvido por iPoomWeb