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A vocação da escrita

Professores e autores entendem que as oficinas literárias auxiliam o processo criativo, mas não criam, nem inventam ou formam escritores

por Carlos André Moreira - Zero Hora

     Um dos intelectuais mais polêmicos do Estado, depois de declarar, há 15 anos, que a literatura havia morrido, agora volta à arena do debate com um ensaio já nascido sob o signo da controvérsia. José Hildebrando Dacanal põe em discussão com seu livro mais recente, Oficinas Literárias: Fraude ou Negócio Sério? (Editora Soles, 80 páginas, R$ 10,50), a polêmica do papel das oficinas literárias na formação de um escritor. Dacanal defende que, como todo artista, o escritor ou já nasce com a chama do talento ou será ludibriado e iludido por anos refinando um gênio que não possui. Por vir à tona em uma época em que as oficinas se proliferam e já começam a ocupar papel relevante no debate crítico, o ensaio põe fogo nas discussões sobre o tema.

     O livro de Dacanal – ou antes, a ameaça dele – já circulava há um bom tempo no universo literário gaúcho, depois que o autor, incomodado com o que considerava supervalorização das oficinas, prometeu escrever uma diatribe com título provocativo. No livro que está chegando agora às bancas, Dacanal diz que a promessa era mais uma brincadeira do que um projeto sério, mas que se viu incentivado a escrever o texto depois que foi procurado por um conhecido oficineiro que ameaçou processá-lo.

     – Aí encanzinei, como dizia a minha mãe. Eu nem tinha tempo para me dedicar a essa, mas decidi fazer assim mesmo depois de reações desse tipo – completa Dacanal.

     No ensaio, Dacanal começa por identificar quatro tipos de cursos que poderiam ser chamados de “oficinas”. O primeiro deles seria um curso exigente e extensivo de português e literatura, dedicado a reforçar os conhecimentos do aluno em gramática, retórica, leitura dos clássicos, leitura do que de melhor se produziu no Brasil e no Exterior. Um curso de literatura de alto nível, portanto. O quarto seria uma simples aula de leitura orientada.

     O segundo tipo seria das oficinas que ensinam macetes e truques para melhorar o texto, e o terceiro seriam cursos que se proporiam a formar artistas. É contra estes dois, o terceiro, mais especificamente, que Dacanal concentra seus argumentos. De acordo com o intelectual gaúcho, que teve este ano publicada sua tese de doutoramento em Letras na UFRGS, o que forma o verdadeiro escritor é intransferível por meio de uma oficina: “o artista nasce artista”.

     – Não sou eu que digo isso, é a tradição de três mil anos do Ocidente. – provoca Dacanal – que não está sozinho em sua opinião:

    – As oficinas ajudam, é claro, mas não tenho nenhuma dúvida de que elas jamais vão formar um escritor de verdade. Formar um escritor de verdade, que vai permanecer, eterno, escritor que por pressuposto na condição de artista escreve porque sente necessidade, que tem de escrever porque aquilo é a sua vida, elas não formam. Elas respondem, de certa maneira à necessidade de escritores que querem escrever, o que é diferente – diz o jornalista, tradutor e escritor Marcelo Backes, autor do romance maisquememória.

     O ensaio de Dacanal já vinha provocando uma polêmica subterrânea no Estado, antes mesmo de ser publicado, porque nas últimas duas décadas o Rio Grande do Sul se converteu na capital informal das oficinas literárias no país. A voz discordante de Dacanal também se eleva em um momento em que as oficinas vêm se proliferando até mesmo fora do Rio Grande do Sul – muitas vezes tendo as daqui como modelo. Dentre os autores formados no Estado, a maior parte dos autores em atividade surgidos na última década, passou por uma oficina, como Cíntia Moscovich, Michel Laub, Daniel Galera, Daniel Pellizzari, Carol Bensimon, Monique Revillion, entre outros exemplos. De diferentes gerações, todos são hoje publicados com ressonância crítica e falam da oficina como um período que resultou em maturação ou mesmo tomada de consciência de uma vocação que já traziam, a da palavra impressa. O professor Luís Augusto Fischer, ele próprio coordenador de oficinas, lembra que sua proliferação pode ser resultado de uma transição do modelo hegemônico de formação de escritores, até meados do século 20 escorado no exemplo europeu e hoje mais próximo do paradigma americano:

     – É uma mudança importante, esse fenômeno indica a transição de um modelo francês, mais antigo, aquele do escritor como um artista inspirado e solitário, iluminado, para a noção americana de escrita como trabalho, como exercício, como refinamento exaustivo da técnica. Essa transição é evidente.

Fonte: Zero Hora online

 

 

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