CRÔNICA
Cria Atividade
Ontem fui ao supermercado. Comprei um quilo de farinha, ovos, escova de dente, meia dúzia de pães e dois litros de criatividade. Quando cheguei em casa, me embriaguei com dez copos daquele líquido cremoso rosado, sentei ao computador e escrevi como nunca. As idéias fluíam. Não havia tela branca sem ser preenchida. As palavras vossiferavam de meu cérebro e saltavam para a ponta de meus dedos, logo emitidos impulsos quase involuntários e dali saiam frases com sentido, que se tornavam parágrafos, e por fim, textos.
Bom seria se fosse assim, beber bons copos de um elixir adocicado e logo se teria idéias sobre as coisas, sobre o mundo.
Já li muitos textos perfeitos na linguística e no português, mas sem idéias novas, versando sobre o mesmo. Citações revisitadas, sem personalidade; ou com muitas, mas nenhuma a do próprio autor. Se é para dizer o que já foi dito, e principalmente da mesma forma que já foi escrito, para que fazê-lo então? Li há pouco um artigo, onde a autora fazia citações a todo tempo, o pior, encerrou seu texto, que não era uma tese científica, fazendo uma, sem emitir sequer opinião e sem acrescentar exatamente nada que já não tenha sido dito ou formalizado uma centena de vezes.
Se você quer falar que a personagem é feia e diz feio, é honesto, mas não é criativo nem literário. Num fluxo de consciência, é possível buscar vocabulário mais amplo, e dizer de forma pouco usual ou inédita: "um sorvete de amendoim seria mais atrativo", "era interessante como acordar cedo numa segunda-feira", "dentro de ambiente fechado com apenas dois homens e ninguém o enxergava". E permitir que o leitor use sua criatividade também para completar a idéia ou inventar outra.
Criatividade não se compra, se desenvolve, se pratica. É técnica, mas não só. É o liberar da alma. Se o autor se torna seu próprio censor prévio, não conseguirá fluir suas idéias. Faz-se necessário criar uma atividade no cérebro, a "cria atividade", que é a expulsão dos pensamentos e o deixar fluir para a prática. Um quase bacanal de percepções literárias.
O pensamento é a única instância onde ainda possuimos total privacidade. Devemos usufruir dessa privacidade e colocar a "cria", nosso próprio cérebro, a fazer atividade. Caminhar na esteira, levantar cinquenta quilos em cada perna. Pois bem, o cérebro tem pernas sim, que nos levam passo a passo para onde quisermos. E ainda, exercitar os músculos da vontade, da liberdade, da emoção.
Só quem se permite ser livre, poderá ser criativo. E isso não se bebe, não se come, nem se compra; mas se exercita e, principalmente, se liberta.
por Ana Cecília Romeu - http://anaceciliaromeu.blogspot.com/
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