POESIA
A SENSIBLIDADE DE EUCANAÃ FERRAZ
por Ramon Mello
Ainda menino, Eucanaã Ferraz deitava no colo de sua mãe e pedia que cantasse “aquela música do mundo que caiu”. E sua mãe, paciente, entoava os versos de Maysa. Eucanaã não confirma, mas talvez tenha sido através da música o primeiro contato com a poesia. E, pelo visto, esse encontro poético será freqüente na vida do poeta e professor.
Além de escrever seus livros – Cinemateca (ente os 10 finalistas do Prêmio Portugal Telecom 2009), Rua do mundo, Desassombro, Martelo e O outro e o outro –, Eucanaã organizou Letra só, com letras de música de Caetano Veloso; O mundo não é chato, com textos em prosa de Caetano; a antologia Veneno antimonotonia – Os melhores poemas e canções contra o tédio; e, Poesia completa e prosa de Vinicius de Moraes, junto com o amigo Antonio Cicero – iniciando assim uma intensa relação com o poeta, músico e diplomata.
“Minha história com Vinicius de Moraes não é, digamos assim, antiqüíssima. [...] Eu não tinha grande intimidade com a poesia dele, mas é claro que a conhecia e tinha por ela um grande apreço. [...] É, portanto, uma longa história, ainda que recente, essa minha com o Vinicius. E, sem dúvida, ele é um dos grandes encontros da minha vida”, defende Eucanaã, professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Apesar da popularidade, Vinicius é pouco lido, como a maioria dos autores brasileiros. E ainda carrega o preconceito dos acadêmicos em relação à sua obra poética. A reorganização dos livros realizada por Eucanaã Ferraz é uma maneira de romper com esses estigmas. Um trabalho que o manterá envolvido com poetinha – apelido carinhoso, e não diminutivo, que ganhou em vida – pelo menos, até 2012.
Em paralelo a tudo isso, o poeta voltou-se à infância, e escrevendo para crianças. O primeiro livro foi Poemas da Iara. Seu último livro infantil, de 2009, Bicho de Sete Cabeças, com ilustrações do artista plástico português André da Loba. Neste livro, alguns seres fantásticos da mitologia – como a fênix, que ressurge das cinzas depois de morrer – e outros assustadores – como a mandrágora, o dragão e o zumbi – ganham vida.
Confira mais no site do autor: http://eucanaaferraz.com.br/
(Matéria exibida originalmente no www.saraivaconteudo.com.br)