POESIA
A BATALHA NAVAL DO RIACHUELO
A história contada através da poesia.
Num texto de 1982, o poeta Clineu Pires da Silveira relembra uma das batalhas mais sangrentas já vividas por nossos bravos defensores.
VETERANOS DO PARAGUAI
A Pátria foi agredida,
Um vapor aprisionado;
Francisco Solano Lopes
Mandou invadir nosso Estado!
Um grito ecoou na terra,
Quem fosse bem brasileiro
Deixasse aqui seus amores
Partissem logo pra guerra!
Entre oratórios e santos,
Despediram-se dos pagos
Deixando lares em prantos
E muitos ranchos tapera!
Era a Pátria ameaçada,
Com a honra enovalhada;
Precisava ser lavada
Com o sangue de nossos cueras.
Transpuseram o rio Uruguai
Enfrentando o inimigo,
Nos entreveros da luta
Entre berros e gemidos!
Tombaram índios valentes
Varados de lado a lado,
Os fletes, também, coitados
Morriam tão inocentes!
Pala perfurado pelas balas
E solto pelo vento,
Destacava-se Osório
Naqueles tristes momentos,
Como um gigante de bronze
Trazendo seus comandados;
Lança incrustada de prata
Era o mais bravo soldado!
Vencedores em Humaitá,
Penetraram em Assunção
E lá no Cerro Corá,
Nas margens do Aquidabã;
No romper do amanhã
Na batalha derradeira,
Solano Lopes foi morto
Pelas armas brasileiras!
Assim tombou um Ditador
Que fez correr tanto sangue!
Feriu em cheio o Rio Grande,
A Pátria de Sul a Norte!
E aqueles que retornaram
Empunhando a lança erguida,
Só se salvaram pra vida;
Quem na vida teve sorte!
(Texto original publicado em junho de 1982, no extinto jornal O CAMAQUÃ)