POESIA
A chave é doar livros
Inspirado no Banco de Alimentos da Fiergs, projeto de doação de livros quer arrecadar meio milhão de volumes – para então liberar o novo romance de Luis Fernando Verissimo para leitura na internet
“A gente não quer só comida / A gente quer comida, diversão e arte.” É como se a Fiergs e a Câmara Rio-Grandense do Livro aderissem ao hino do rock nacional composto pelos Titãs. Depois do Banco de Alimentos, que a Federação das Indústrias do Estado criou em 2000 para assistir a população carente e que já arrecadou e distribuiu, só em Porto Alegre, 14 milhões de quilos de alimentos, as duas instituições firmaram parceria com diversas empresas, entre elas a agência Escala, e criaram o Banco de Livros.
Uma grande campanha que inclui outdoors, comerciais de tevê e outras ações vai mobilizar os gaúchos a se dirigirem a um dos 1.334 pontos de doação localizados nos quase 500 municípios do Estado e fazerem a sua parte para saciar a fome daqueles que gostariam de ler mas não têm acesso aos livros. Ou daqueles que, por falta de hábito, de educação ou de oportunidades, ainda não puderam descobrir o encantamento que os livros proporcionam.
– Com os volumes que arrecadarmos vamos montar bibliotecas em presídios, hospitais, creches, ou seja, em espaços que o governo não consegue alcançar – diz Waldir da Silveira, presidente da Câmara, lembrando que diversos municípios do Rio Grande do Sul não têm sequer uma biblioteca.
– Temos plena convicção de que as pessoas vão se mobilizar e nos ajudar a atingir a marca de 500 mil livros até o fim de novembro – acrescenta Paulo Renê Bernhard, coordenador dos Bancos Sociais da Fiergs.
A meta, tão nobre quanto ambiciosa, pode ser atingida muito em função de uma sacada dos responsáveis pela iniciativa: Os Espiões, novo romance de Luis Fernando Verissimo, está finalizado e deve ser publicado pelo selo Alfaguara em dezembro. Mas poderá ser liberado antes, na íntegra, na internet, mais precisamente em www.livroinedito.com.br. Quando? Quando o contador das doações atingir meio milhão de livros e todos estiverem empilhados nos pavilhões mantidos pela Fiergs no bairro Sarandi, na Capital, prontos para triagem, conferência e divisão visando à formação das bibliotecas.
Você tem um título impresso antes da reforma ortográfica e não sabe se ele pode ser doado? Não tem problema, explica Silveira:
– Esses volumes terão um carimbo indicativo das diferenças de grafia de algumas palavras. E não é só isso: vamos espalhar cartazes didáticos sobre a reforma para serem fixados nos locais de destino das doações.
Motivos nobres para doar não faltam – ainda que você esteja entre aquela minoria que não tem curiosidade sobre o novo Verissimo.
DANIEL FEIX - JORNAL ZERO HORA
Como doar |
> É bem simples: todas as agências dos Correios e da Caixa Federal, todas as lojas da Panvel, do Zaffari e da Chevrolet e todos os estacionamentos Safe Park terão urnas de arrecadação à disposição de quem quiser doar. |
> Se você quiser saber como anda o contador de doações, é só visitar www.livroinedito.com.br. |
> Assim que a marca de 500 mil livros for atingida, Os Espiões, novo romance de Luis Fernando Verissimo, estará à disposição para leitura na íntegra no site. Quer ser avisado, por e-mail, do exato momento em que o livro for disponibilizado? É só deixar seu endereço eletrônico no cadastro do site. |
> Em www.livroinedito.com.br também há outras informações sobre a iniciativa. |
> O Banco de Livros é uma extensão do projeto de formação de Bancos Sociais desenvolvido pela Fiergs, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, que começou com o Banco de Alimentos e, entre outros, hoje já possui o Banco de Tecidos e o Banco de Peles. |