POESIA
Obra quase completa
Nova Aguilar lança obra conhecidade Machado em quatro volumes
Nunca vai existir uma obra completa de Machado de Assis, profetiza o editor Sebastião Lacerda, diretor da Nova Aguilar. E, no entanto, é exatamente isso que está chegando esta semana às livrarias, quando se completa o centenário de morte do escritor.
– No caso de um autor como Machado, que colaborou freqüentemente com jornais e revistas, é provável que nunca se possa recolher tudo que ele escreveu. Obra completa, portanto, quer dizer simplesmente tudo que se conhece dele até o momento. Temos quase 100% do que ele fez – calcula Lacerda.
“Quase 100%”, no caso, quer dizer 5.860 páginas divididas em quatro volumes, e muitas diferenças em relação às 3.600 páginas da edição anterior da Aguilar, publicada em 1959 com organização de Afrânio Coutinho e Galante de Souza.
A nova edição, feita em parceria com a Academia Brasileira de Letras (ABL) e a Biblioteca Nacional, incorpora várias descobertas feitas de lá para cá. O número de contos passou de 123 para 189; o de crônicas, de 210 para 608; e o de peças de teatro, de três para 11. Sessenta poemas também foram acrescentados, e outros textos foram excluídos, porque se descobriu que na verdade não eram de Machado. É o caso por exemplo de crônicas de um outro autor que também assinava “M.de.A” (“Acho que o nome dele era Moreira de Azevedo”, diz Lacerda), e do texto Queda das Mulheres para os Tolos, na verdade uma tradução do francês.
O inglês John Gledson e a professora Lúcia Granja, da Unicamp, ajudaram no estabelecimento do corpus de contos e crônicas. Samuel Titan Jr. ficou encarregado da fortuna crítica, na qual foram incluídos textos fundamentais para os estudos machadianos nas últimas décadas, de autores como o próprio Gledson, Roberto Schwarz, José Guilherme Merquior, Alfredo Bosi e Silviano Santiago.
O estabelecimento de texto seguiu o levantamento de Galante de Souza e das edições críticas feitas pela Comissão Machado de Assis (organizada pelo Ministério da Educação) na década de 1970. Outras decisões, porém, talvez sejam menos consensuais, como a de atualizar e corrigir o português de Machado de Assis. A grafia dos textos foi toda modernizada, e erros de pontuação foram suprimidos. Estrangeirismos hoje incorporados ao português também passaram a ter a grafia atual.
Os quatro volumes serão vendidos a R$ 550 (não haverá venda de volumes avulsos). Para prepará-los, Lacerda trabalhou por 15 meses com uma equipe de quatro editores: Heloisa Jahn, Ana Lima Cecilio, Aluizio Leite Neto e Rodrigo Lacerda, seu filho.
Além dos contos, crônicas, poemas, peças e romances, a edição tem ainda textos de crítica, artigos e cartas, e mais uma cronologia de vida e obra do escritor.
(fonte: ZERO HORA)