O grande escritor e colunista Moacyr Scliar cedeu alguns minutos da sua atribulada agenda para responder as perguntas do site.
1) Sua obra é marcada pelo flerte com o imaginário fantástico e pela investigação da tradição judaico-cristã. Como o senhor definiria o Scliar escritor?
“É uma pessoa que sempre gostou de ler e de escrever e que vê na literatura uma fonte de prazer e de emoção, para si e para os outros.”
2) O que fazer para instigar a leitura de quem ainda não adquiriu esse hábito?
“Primeira regra: não transformar a leitura em obrigação ou, pior ainda, em castigo. Pais e professores devem convidar a criança a ler, não obrigá-la a fazer isso. Segunda regra: pode-se recomendar obras e autores, mas qualquer coisa que a criança leia é bom. Terceira regra: permitir que as crianças interajam com o texto, adaptando-o para o palco, por exemplo. Quarta regra: estimular a criança a escrever, que também é uma motivação para a leitura.”
3) O senhor é considerado um dos melhores ficcionistas brasileiros de nossa época. Quais são os seus autores brasileiros preferidos da atualidade e quais as obras que está lendo neste momento?
“Autores brasileiros que leio sempre: Clarice Lispector, João Cabral, Drummond, Luis Fernando Veríssimo. No momento estou lendo a biografia que o historiador José Murilo de Carvalho escreveu a respeito de D.Pedro II”
QUEM É: Médico sanitarista por formação, o escritor Moacyr Scliar (Porto Alegre, 1937) é autor de mais de 60 obras que abrangem conto, romance e ensaio. Recebeu numerosos prêmios, entre os quais o Jabuti, Casa de las Americas, José Lins do Rego e Guimarães Rosa. Teve textos traduzidos para doze idiomas. Foi professor visitante no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University, EUA. Ocupa desde julho de 2003 uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Escreveu A Guerra no Bom Fim (1972), O Ciclo das Águas (1975), Mês de Cães Danados (1977), O Centauro no Jardim (1980), A orelha de Van Gogh (1988) Sonhos Tropicais (1992), A Paixão Transformada: História da Medicina na Literatura (1996), A Majestade do Xingu (1997) e Saturno nos Trópicos (2003).