POESIA REGIONAL
UM GRANDE POETA CAMAQÜENSE
por Roger Tavares
Gaudério por excelência
Gaúcho por tradição;
Sempre honrei o meu rincão
Por onde quer que eu ande...
Trago nas veias o sangue
De charrua e minuano,
Do índio xucro, aragano
Nativo do meu Rio Grande
Seu nome: Clineu Pires da Silveira, ou simplesmente seu Clineu.
Este grande poeta nasceu em janeiro de 1933 em Camaquã, mas devido ao seu trabalho percorreu muitas cidades do nosso estado, sem nunca, porém, esquecer da terra querida.
A história de Clineu é muito rica. Filho de agricultores ele estudou até o ensino médio, servindo o exército na cidade de Bagé.
Após sair do quartel voltou para Camaquã, onde ingressou no DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento). Começou trabalhando no campo e depois passou para o escritório, onde foi efetivado. Nos anos seguintes, fez concursos internos para escrevente/datilógrafo e depois para escriturário e agente administrativo, função essa que realizou até conseguir a aposentadoria em 1990. Nas andanças pelo Rio Grande do Sul, passou pelas cidades de Camaquã, Pelotas, São Valentim e Porto Alegre e novamente Camaquã.
Casado pela segunda vez, pois ficou viúvo em 1983, Clineu tem cinco filhos – sendo quatro do primeiro casamento.
Chora gaita, chora!
Com esta garganta rouca
Os tempos que foram embora...
Parece que estou ouvindo
A tradição se sumindo
Pelas vaidades de agora!
Mas como o ‘viajante’ Clineu começou a se interessar pela poesia?
O avô, veterano da guerra do Paraguai, pode ter sido o grande influenciador da poesia do escritor, uma vez que Clineu prefere escrever sobre a história de Camaquã e do Rio Grande do Sul, algo que lhe fascina muito.
O poeta ajudou a fundar o CTG Camaquã e colaborou com a Rádio Camaqüense, no programa Tradições do Rio Grande. Também colaborou com a TV Tuiuty (de Pelotas), sempre escrevendo sobre a história gaúcha.
Mesmo estando distante da terra natal, o poeta mandava poesias para o extinto jornal O Camaquã.
Meu velho rio Camaquã
De centenares anos,
Charruas e Minuanos
Te conheceram bagual!
Nasces em Lavras do Sul
Além da coxilha do fogo,
Para descer com denodo
Pras bandas do litoral!
Sócio da Casa do Poeta Camaqüense – CAPOCAM – Clineu tem um livro de poesia pronto para ser editado, faltando apenas o patrocínio.
Sobre suas poesias, ele relata que não segue regras para escrever, apenas colocando seus poemas no papel, quando surge a inspiração. Inspiração essa que é fruto da leitura de jornais, livros de história e outros.
Antigamente ele recitava poemas de outros autores, em especial de Jayme Caetano Braun. Quando viajava pelas cidades a trabalho, sempre visitava museus, gostava de pesquisar sobre a história do RS e estudava muito essa matéria.
Atualmente nosso poeta mora no bairro Dr. Rosinha em Camaquã e gosta de ler jornais, assistir TV, caminhar, passear e freqüentar as festas tradicionalistas do município.
Clineu deixa um recado para quem ainda não lê ou não escreve: “acho muito importante ler e escrever. Quem não lê é uma pessoa cega. Meu esporte preferido é a leitura.”
Camaquã terra de guapos
E belas prendas também
Saúdo e vou além,
Meu belo torrão dileto
Paira sobre teu teto
Na poeira do passado
Velhos lenços colorados
Das forças de um "Zeca Netto"