Cinco anos foi o tempo necessário para O Código da Vinci, maior hit de Dan Brown, ter 1,6 milhão de exemplares vendidos no Brasil. Em cinco meses, a editora Sextante espera vender ao menos metade desse número do novo romance do autor. O Símbolo Perdido chegou nesta semana às livrarias com a tiragem inicial recorde de 800 mil cópias. É 200 vezes o padrão da primeira impressão de um livro no país, algo em torno de 4 mil.
– Íamos sair com 400 mil, mas não podíamos correr o risco de ficar sem o título nas livrarias na véspera do Natal – diz Marcos Pereira, um dos donos da Sextante.
Nos Estados Unidos, o livro saiu com 5 milhões de exemplares. Vendeu 1 milhão no primeiro dia.
– É questão de faro. Você sabe quando não corre o risco de encalhe.
Tiragens iniciais de mais de 200 mil cópias são raras no Brasil. Em 2007, a Rocco imprimiu de uma só tacada 400 mil exemplares de Harry Potter e as Relíquias da Morte, mas foi exceção. A Sextante e a Intrínseca, especializadas em best-sellers, só neste ano se arriscaram nessa quantidade.
– Conseguimos desconto da gráfica até uns 60 mil. Daí para cima, não há diferença – diz Jorge Oakin, criador da Intrínseca.
O benefício, indireto, também tem a ver com marketing. Sem faltar nas livrarias, o título não corre o risco de sair das listas de mais vendidos.
– Se o livro cai da lista numa semana, tem de retomar o trabalho de divulgação – diz Rogério Alves, gerente editorial da Planeta.
O faro pode falhar, claro. Na esteira do sucesso de Um Dia Daqueles, livro de fotos fofas de animais, a Sextante imprimiu logo 120 mil cópias de outro livro do autor, Em Busca do Príncipe Encantado, em 2002. As vendas empacaram nos 45 mil, e a editora só esgotou a tiragem sete anos depois.
Após seis anos sem lançar títulos, Dan Brown acha “gratificante’’ o entusiasmo dos fãs.
– Achei que podiam me esquecer. É que ele (o romance) lida com uma ciência surpreendente para mim. Precisei de cinco anos para aprender, entender e aceitar essa ciência antes de escrever sobre ela – diz o autor, por e-mail, ao explicar por que o romance demorou tanto.
Brown se refere à noética, “o poder que a mente humana tem de influenciar o mundo físico’’. A certa altura da trama, enquanto tenta desvendar o sequestro de um maçom, o simbologista Robert Langdom tomará conhecimento dela.
Durante as pesquisas para esse quarto romance, o autor pela primeira vez sentiu outro poder – o da fama:
– Tive acesso a pessoas e a lugares que antes seriam impossíveis. Mas foi difícil manter segredo. Cheguei a visitar lugares disfarçado.
Não foi exagero. Em janeiro, por exemplo, sai no Brasil o livro de um autor que perseguiu Brown. Com 80 milhões de livros vendidos (metade de O Código), Brown não liga para quem pega carona na sua fama:
– Fico lisonjeado por inspirar diálogos, debates e outros livros. Escrevo sobre grandes temas. Há espaço para todos.
(Fonte: Segundo Caderno - Jornal Zero Hora)