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FESTA LITERÁRIA DE PARATY: autor não culpa quem não lê
O tempo quente atraiu muitos apaixonados por leitura neste domingo, dia 06 de julho, último dia da Festa Literária de Paraty. Apesar da noite anterior ter sido longa, a primeira mesa do dia ficou bem cheia. Com o tema "livros que não lemos", o debate contou com o jornalista e escritor Marcelo Coelho e o professor de literatura francesa, Pierre Bayard, que teve a mediação de Contardo Calligaris.
A mesa serviu para acalmar a ansiedade das pessoas que sempre têm a sensação que estão em falta consigo mesmo, por não conseguirem ler tudo o que desejam e compram.
O escritor francês começou a mesa lendo o prólogo de seu livro, onde trata exatamente dessa "sacralização da leitura" e da "obrigação de ler tudo" que algumas sociedades impõem. E afirma que se dá ao direito de falar de livros que não leu por acreditar que há várias formas de consumir uma obra, como o simples folhear.
Em seguida, Coelho disparou que existe um certo fetiche entre as pessoas de falar sobre coisas que nunca leram. Por um momento, o escritor diz que no Brasil esse tipo de cobrança não ocorre muito por conta de uma frase eternizada de Oswald de Andrade, que diz "não li e não gostei". E defende, por um momento, os resumos de grandes obras como as de Balzac, produzidos por algumas importantes editoras sem nenhuma culpa.
"Existem livros que não se precisa ler para entender a idéia central, enquanto outros não são resumidos facilmente", disse o autor. Nesta citação, é possível incluir a última obra de Bayard.
Contudo, Bayard discorda do jornalista brasileiro com relação aos resumos das obras originais e sim que todos devem descobrir seus caminhos para se encontrar com a leitura e não não ficar tão angustiado por se sentir "enferrujado".
Quando perguntado por Contardo sobre a concordância de um casal na literatura - se isso pode ser favorável para a relação -, o escritor francês afirmou não acreditar que essa cumplicidade possa manter um casamento, considerando importante que cada um tenha a sua experiência e biblioteca individuais.
Por fim, Pierre Bayard aconselha passar em bibliotecas e percorrer corredores de livros. Assim, as chances de encontrar boas obras são muito maiores.
Pierre Bayard é escritor e professor de literatura francesa. No recente Como falar dos livros que não lemos?, gerou polêmica ao questionar a importância da literatura e discutir em que medida é fundamental conhecer as obras ditas "obrigatórias". Para Bayard, o verdadeiro letrado não é quem sabe tudo, mas reconhece o valor de determinada obra para a cultura que o cerca.
(fonte: Site TERRA)