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Cantor planta mudas a cada CD vendido
Depois de perder ferramentas de trabalho em incêndio, agricultor de Pelotas passou a compor canções reverenciando a natureza
A cada CD que vende, o cantor Marco Marschendorf Gottinari, 45 anos, de Pelotas, planta 10 mudas de árvores. Foi a forma que o ex-agricultor encontrou para não perder totalmente o vínculo com o campo.
Em 2004, um incêndio consumiu o galpão onde o colono do interior do município guardava o material de trabalho na roça. O episódio serviu de inspiração para que ele trocasse a enxada pelo violão.
Na mesma noite, começou a compor canções. De lá para cá, foram 60 letras, 12 delas transformadas em um CD, lançado em 2007.
O ambiente onde o músico cria suas letras é o lugar onde nasceu, na Colônia São Manoel, num local conhecido como Templo das Águas. O lugar já foi usado como set de gravação de cenas da minissérie A Casa das Sete Mulheres, exibida pela Rede Globo em 2003. O incêndio do galpão de Gottinari ocorreu três meses depois da passagem dos artistas pela região.
– O fogo destruiu tudo que eu usava para trabalhar com a terra, inclusive meu trator. Mas quando vi aquela cena, não fiquei triste. Peguei o violão e, olhando as brasas, fiz a primeira música. Daí, as canções começaram a surgir e não pararam mais – lembra o cantor.
Desde o lançamento do disco independente, Gottinari iniciou o projeto Mata Viva, que realiza o plantio das mudas.
Com as mil cópias vendidas, 10 mil árvores foram plantadas, a maioria às margens do Arroio Pelotas. O cantor tem o cuidado de escolher espécies nativas.
– Eu faço música para a natureza, vendo o CD e devolvo um pouco do que ganho a ela. Antes, com a agricultura convencional, eu machucava demais a terra. A mata por si só se recompõe, mas se ajudarmos, fica mais fácil – destaca.
As 12 faixas do CD têm estilos diferentes, mas a maioria mantém a temática da natureza. Os ritmos vão do samba à bossa nova. A próxima apresentação do cantor está marcado para o dia 18, em Porto Alegre, e o cenário conta um pouco do trabalho de Gottinari: é feito de areia, bambu e sementes, o que ele chama de “efeitos naturais”.
GIACOMO BERTINETTI de Pelotas, para ZERO HORA
