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NELSON MOTTA E SEU NOVO LIVRO
Jornalista, produtor, escritor, compositor, apresentador de programa de rádio, colunista na TV. Nelson Motta está há algumas décadas no cenário cultural brasileiro, sempre presenciando ou participando ativamente de momentos importantes desde a segunda metade do século passado. Esteve nas rodas de violão onde a bossa nova era gestada, no hoje clássico apartamento de Nara e Danuza Leão, produziu Elis Regina, foi grande amigo de Tim Maia, criou As Frenéticas, descobriu Marisa Monte cantando em um barzinho em Roma, produziu Fernanda Takai, figura que compara a Nara Leão, mantém o programa radiofônico “Sintonia Fina”, transmitido em oito estados país afora. Escreveu e escreve colunas para diversos jornais do país, além dos quatorze livros publicados, entre contos, romances, crônicas, um sobre o seu time, o Fluminense, além das memórias musicais, em Noites tropicais e da biografia do irascível Tim Maia, talvez seu melhor trabalho. Goste-se ou não dele, é fato a sua importância na nossa história musical, tanto que o grande sambista João Nogueira cita Nelson de maneira bem humorada em “Baile no Elite”, música que homenageia a Gafieira Elite, no centro do Rio de Janeiro, local por onde passou boa parte da história do samba e da gafieira cariocas.
No final de 2009, Nelson Motta lançou novo livro. Força estranha (Suma das Letras/Objetiva) reúne dez histórias, aparentemente desconexas, mas que nas duas últimas é possível estabelecer a relação entre elas. O título é inspirado na canção homônima de Caetano Veloso, imortalizada por Gal Costa e Roberto Carlos. “As oito primeiras histórias se passam em lugares diferentes, com personagens e épocas diferentes. Aparentemente, não tem nada a ver uma com a outra. Porém, na nona história se vê que alguns personagens têm alguma ligação muito próxima entre eles. E, finalmente, na última história, se revela o mistério de como todas aquelas histórias, personagens e locais diferentes estão ligadas, e como tudo aquilo é uma coisa só”, afirma Motta nessa entrevista exclusiva ao SaraivaConteúdo. Segundo o escritor, “as forças que movem a vida são muito mais estranhas do que parecem”, e este é o mote dos personagens do livro, em que cada história se desenrola em cenários e épocas diferentes, como a orla da Zona Sul do Rio de Janeiro, entre as décadas de 1960 e de 1980, os terreiros de Salvador, a paradisíaca Boipeba, os quartinhos freqüentados pelos poderosos em Brasília, Buenos Aires na época da ditadura militar, além de Nova York, Espanha e a swinging London dos anos 1960.
“Fiquei contente com essa virada que consegui dar. Foi estranho o jeito que escrevi esse livro, porque depois do Tim Maia, queria fazer uma ficção, mas como inventar um personagem melhor que Tim Maia? Mais divertido, mais louco, um personagem maior que o Tim em todos os sentidos. Impossível”, admite.
Foi aí que partiu para outro formato, com personagens menores, mas em número maior. “Fiquei um ano sem escrever nada, foi uma tela em branco total, porque estava com o Tim Maia encostado em mim, não é mole, 140 quilos. Não conseguia. Em primeiro de janeiro [de 2009] fui para Salvador, meu segundo lar. Lá rolam forças estranhas, todos os meus livros escrevo uma boa parte lá. Vou inclusive começar meu próximo livro lá. E tive um surto de escrita, comecei a escrever tudo o que não havia conseguido no ano inteiro e fiz muito rapidamente, em um mês e meio escrevi 300 páginas, umas 20 histórias. Depois selecionei as melhores, e foi um trabalho braçal de edição, finalização, que levou mais, três quatro meses. Gosto de ficar bordando o texto. Drummond dizia que ‘escrever é cortar palavras’. Eu sempre me lembro do poeta nessas horas”, conta Motta. (Bruno Dorigatti)
(Fonte: http://www.saraivaconteudo.com.br/video.aspx?id=126 )