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Histórias do baú em Santo Ângelo
Livros antigos circulam de casa em casa no município das Missões
Dois baús com livros que mostram ilustrações de prédios que já não existem, relatos sobre moradores já mortos e explicações sobre a vida nos antigos povoados das Missões circulam pelas casas de Santo Ângelo.
Por meio das obras, muita gente acaba revivendo o passado. Depois de ficar uma semana com uma das caixas, o advogado Pedro Osório do Nascimento, 81 anos, relata durante horas tudo o que vivenciou desde que mora na casa com cerca de 60 anos, localizada em frente à prefeitura, no Centro Histórico da cidade.
Ali, antes da construção de seu casarão, dormiam vacas leiteiras. Conheceu um personagem imortalizado nos livros. É Domingos Fortes, entregador de gelo numa época em que não havia geladeira na cidade. Em outra morada, ouvia gemidos de presos maltratados no antigo presídio, na década de 40, onde hoje é a Câmara de Vereadores.
- Eu verifiquei essas coisas que estão nos livros. Eu sei que foram assim - recorda Nascimento.
As obras são levadas pela historiadora da prefeitura, Bedati Finokiet, até as residências onde há três séculos foi erguida a Redução Jesuítico-Guarani Santo Ângelo Custódio. Cada morador fica uma semana com o material, para que conheça a história do local onde vive e seja preparado para o convívio com turistas. Na entrega do material, Bedati aproveita para montar um inventário com informações sobre vestígios arqueológicos e depoimento.
Idéia é levar o projeto a 237 casas da cidade
Ela e a estagiária Natália Thielke percorrerão 12 ruas e chegarão a 237 casas, 34 condomínios e 200 estabelecimentos com o Baú da História.
Um dos baús foi para a revenda de motos de Pedro Urbano da Silva, 54 anos. O prédio é do final do século 19, um dos mais antigos do Centro Histórico. Em 1998, durante uma reforma, ele descobriu que as paredes externas foram feitas com as pedras da antiga redução. Encontrou uma adega da época debaixo do seu piso. Desde então, deixa os vestígios à mostra.
SILVANA DE CASTRO | Missões/Casa Zero Hora