PORTUGUÊS E POESIA
MORRE JOSÉ MINDLIN
José Ephim Mindlin ergueu um império literário em sua própria casa. Ele dedicou sua vida à busca por obras raras em viagens pelo Brasil e Exterior. A procura incansável acabou ontem, quando o bibliófilo e empresário morreu em São Paulo, aos 95 anos.
Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Mindlin estava internado havia aproximadamente um mês no Hospital Albert Einstein para tratar uma pneumonia. O enterro ocorreu no Cemitério Israelita da Vila Mariana, zona sul da cidade. Casado por 68 anos com Guita Mindlin, já falecida, teve quatro filhos: a antropologa Betty, a designer Diana, o engenheiro Sérgio e a socióloga Sônia.
Nascido em São Paulo, em 8 de setembro de 1914, era filho de judeus nascidos em Odessa (Ucrânia), que vieram para o Brasil. Estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP) e fez cursos de extensão universitária na Universidade de Columbia, em Nova York. Advogou até 1950, quando deixou a atividade para fundar a empresa Metal Leve SA, que se destacou no setor de peças para automóveis e hoje é controlada pela multinacional alemã Mahle. Permaneceu na companhia até 1996.
Aos 32 anos, financiado por um empresário, conseguiu um sócio e fundou a livraria Parthenon, em São Paulo. Iniciou assim seu périplo em busca de obras raras para sua biblioteca particular.
Acervo inclui raridades de autores nacionais
A paixão pela literatura fez com que acumulasse cerca de 40 mil volumes, colecionados desde os anos 30. Era considerado o dono da maior biblioteca privada do país. O acervo inclui raridades, como a primeira edição de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, documentos do século 16 com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência e manuscritos que resgatam a gênese literária de grandes obras, como Sagarana, de Guimarães Rosa, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Ele doou grande parte do seu acervo para a USP, transformando-o na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
(Fonte Zero Hora)