107990  ACESSOS

PORTUGUÊS E POESIA

 

 

UM DIA DE MERDA

 

Aeroporto Santos Dumont, 15:30. Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas. Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão. “Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranqüilo. O avião só sairia as 16:30”.

Entrando no ônibus, sem sanitários, senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: “Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um “barro”.

Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda. O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante: “Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido a obras na pista”. Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro.

O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que havia cagado.

Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada. Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal.

Mas sem dúvida, a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei sério: “Cara, caguei”. Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou - me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle. “Que se dane, me limpo no aeroporto” - pensei. “Pior que isso não fico”. Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte. Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda . Desta vez, como uma pasta morna.

Foi merda para tudo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés. E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo à liberdade. E depois, um peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado. Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa. E me caguei pela quarta vez.

Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas.

Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco. Olhei para cima e blasfemei: “Agora chega, né?” Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que conclui como sendo o fundo do poço) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o “check-in” e ia correndo tentar segurar o vôo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte. Ele tinha despachado a mala com roupas. Na mala de mão só tinha um pulôver de gola “V”. A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus.

Desesperado, comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era história. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10.

Teria que improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água.

Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar. Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calcas do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola “V”, sem camisa. Mas caminhava com a dignidade de um lorde.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando “O RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO” e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria. A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: “Nada , obrigado. Eu só queria esquecer este dia de merda !!!”

 

(Autor Desconhecido)

 

Carpinejar esteve na Feira de Camaquã
31ª Feira do Livro de Camaquã
I Festa da Leitura da escola Ana Cesar
XIX Congresso Brasileiro de Poesia
Conto: O Bar do Arlindo
Turma de Letras promove Fórum
A inusitada resposta para Sant'Ana
A arroba nos endereços eletrônicos
A literatura de cordel
O menor (e melhor) conto de fadas
Escola Otto recebe exposição
Uma noite no meio dos livros
Borracharia vira biblioteca
S.O.S. São Lourenço
Morre o grande Moacyr Scliar
A dupla GRENAL e seus hinos
Vale a pena ressuscitar S. Holmes?
Profa supera deficiências p/ ensinar
Assis Brasil será secretário de cultura
O resumo do XVIII Congresso de Poesia
XVIII Congresso de Poesia em Bento
Ficção: presente e passado conquistam fã
Livros mais vendidos da semana
A universalidade de Saramago
Balanço da 30ª Feira do Livro por Catulo
Sucesso na 30ª Feira do Livro
30ª Feira do Livro
As 200 línguas do Brasil
Os campeões do ENADE
Tecnologias substituem giz e quadro
Alternativos culturais: conheça 25
A Estrada em filme
CAPOCAM 21 anos e 14ª sem. poesia
Por que as mulheres leem mais?
Morre José Mindlin
A redação nota máxima da UFRGS
Adoniran Barbosa: 100 anos
Pe. Fabio de Melo lidera vendas de Cds
Cora Coralina: grande poeta de Goiás
Feira mantém tradição, apesar da chuva
Mau tempo prejudica a Feira
Feira do Livro de Camaquã 2009
Célia Ribeiro dá dicas para autores
55ª Feira do Livro de Porto Alegre
Jornada Literária de Passo Fundo
XVII Congresso de Poesia
Ganymédes José, um grande autor
Feira do Livro de São Lourenço do Sul
Um recanto para a poesia
A arca das letras
Pouca idade, muita vontade
Vinte anos sem Raul Seixas
Frases de jogadores de futebol
100 anos da morte de Euclides da Cunha
Thedy Corrêa prestigia Feira de Chuvisca
A 3ª Feira do Livro da Chuvisca
O mito Michael Jackson
O humor de Danilo Gentili do CQC
Camaquenses são destaque no RedAÇÃO ZH
Camaquã recebe homenagem em poesia
Melhores sites p/ compra e troca livros
Invista na leitura!
Brincadeiras com eufemismos
Reforma ortográfica: não engula...
Novas regras ortográficas em 2009
Nova casa para os livros
15º Açorianos de Literatura
Os livros mais vendidos da semana
Congresso entrega livros
A campeã gaúcha do ENEM
A religião da gramática
Memória daquela juventude
Humor nos anos 50
Versões de ditados populares
Os 100 anos de Cartola
Congresso Brasileiro de Poesia
Dicas para uma boa escrita
Millôr: 85 anos
A importância de não saber e saber
A diferença entre mitos e lendas
A história de Paulo Coelho
O hilário Barão de Itararé
A Jangada de Pedra, por Diego S.Fehlberg
Baudelaire, por Diego S. Fehlberg
Erico e o vento intertextual
Escritores mais admirados
Morre Zélia Gattai
Erro de ortografia
Diego S. Fehlberg
 
Roger Tavares - Todos os direitos reservados © Desenvolvido por iPoomWeb