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CRÔNICA

Francamente, senhor Wilde

     Oscar Wilde, irlandês, um dos grandes na literatura do século 19, escreveu único romance: O retrato de Dorian Gray, mas deixou obra vasta no que tange a contos, poemas em prosa e verso, peças teatrais, ensaios, conferências. Também produziu na prisão a "Balada ao cárcere de Reading" e a famosa carta escrita a seu amigo Robert Ross "De Profundis: Epistola in carcere et vinculis". Figura controvertida em sua vida pessoal, disse em muitos de seus aforismos perpetuados ainda hoje: "Há livros bem ou mal escritos e isso é tudo".
     Pela primeira vez não concordo totalmente com uma colocação do meu mestre Wilde. Na época de Oscar, provavelmente esta frase teria um apelo real, e seria comprovada; mas hoje, com o advento da internet, globalização, onde tiramos foto pelo celular e a enviamos para qualquer parte do mundo, e ainda falamos com estranhos via computador como se amigos íntimos fossemos, o "isso é tudo" de Wilde, implica em questões muito mais complexas quando o assunto é literatura.
     Hoje o mundo tem pressa Wilde. Pequenos textos e de fácil leitura, ou o assunto certo, parecem que viraram a tônica atual. Se um livro é bem ou mal escrito, não é necessariamente o que mais interessa ao grande público, vide, quem paga pela obra.
     Em nível de Rio Grande do Sul, temos alguns bons escritores, cuja técnica beira à perfeição. É muito provável que o que façam seja de fato literatura. Mas "isso é tudo"? Aclamados pela crítica e por grupos de intelectuais, ganham prêmios; mas vendem pouco, não enchem salas de autógrafos, publicam aqui e ali, e têm menos reconhecimento do que a princípio mereceriam. Até pelos anos de esforço e trabalho.
     Em nível de Brasil, temos um escritor que explorou um filão. Escolheu o assunto certo e se adequou às expectativas do leitor. Criticado por diversos entendedores, provavelmente o que produza, de fato não seja literatura. Mas ele simplesmente é o vigésimo escritor mais lido do mundo. O que escreve vende, se projeta, perpetua e ganha prêmios internacionais. Já vi em alguns países europeus como Holanda, França e República Tcheca, seus livros em vitrines de grandes livrarias e vendendo.
     O que pode dar certo ou não em literatura, ou o clichê "o futuro dirá quem tem razão, pois o tempo escolherá apenas alguns", é uma colocação um tanto ingênua para hoje, e nem sempre passa pelo rigor da qualidade.
Trabalho com designer gráfico há 24 anos, e hoje é sabido que um livro com um excelente projeto visual gráfico, em capa e miolo, auxiliam sim em muito nas vendas de qualquer obra, isso é fato, desde o pós-Bauhaus. Um tema bem escolhido, uma linguagem adequada, tratar o leitor como um "cliente", sim, tudo isso é um negócio, talvez não seja de fato literatura. Mas o tempo poderá escolher apenas alguns e talvez sejam esses. É uma tendência que já estamos vivenciando há alguns anos, é a realidade.
     É meu caro Wilde, não fique triste! Mas em minha franca opinião, o que o leitor procura hoje é a comunicação com a obra do escritor. É ler o que nunca foi escrito, é a criatividade, o carisma, a interação, é preencher algum vazio, um espaço em branco esquecido pela pressa, pelo fazer automático do mundo moderno. Como seu trabalho, um dos casos de escolha certa do tempo. Obra que ainda é atual, "como se tivesse sido escrita no café da manhã", segundo Borges.
     É, francamente senhor Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde, falando em literatura de hoje, "há livros bem ou mal escritos...", mas isso não é tudo.

por Ana Cecília Romeu

Publicitária e Designer Gráfica

Blog: Humor em conto: http://anaceciliaromeu.blogspot.com

 

 

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