97691  ACESSOS

CRÔNICA

 

Quindim e merengue

   Passei toda minha primeira infância na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, terra de doces maravilhosos, com receitas de origem açoriana em sua maioria. Sempre que me lembro dessa época, me vem à memória o sabor desses doces, que não encontrei nem nos famosos austríacos.

   Mais tarde, me peguei em alguns momentos questionando sobre o que acontecia com a parte do ovo que não era aproveitada para fazer os tão deliciosos quindins. Feitos de gema, todos amarelinhos e suculentos. Mas e a clara, onde ficava? Cheguei a conclusão do óbvio, faziam merengues, delícia composta de clara.

   Refleti a partir daí sobre relacionamentos de uma forma geral. Pensei que quando temos algum tipo de parceria emocional com quem quer que seja, é como se cada um fizesse um tipo de doce. Um faz o quindim; o outro merengue. Os dois aproveitam do mesmo ovo e complementam a sobremesa.

   Mas, em que momento duas pessoas passam a ignorar a receita óbvia dos doces e não querer mais essa parceria tão proveitosa matematicamente?

   O que faz com que duas pessoas não queiram mais dividir seus quindins ou seus merengues com o outro, não se completarem, nem quererem provar a culinária alheia?

   Tive há pouco experiência desastrosa. Uma amizade se foi por causa de um detalhe ínfimo. Nem sei explicar direito, pois ainda não "digeri" o problema. Na verdade, eu fazia os quindins e a outra pessoa resolveu fazê-los também. Ainda resisti em trocar para os merengues. Sobraram muitas claras de ovo e ninguém para fazê-los.

   Orgulho, falta de companheirismo, traição, incompreensão.... tudo pode acabar com a parceria de doces, e às vezes é por puro detalhe. Mas seria amizade verdadeira? Não resistiu a uma parceria tão lógica?

   Por outro lado, vemos amizades que nunca terminam, como tenho com uma amiga que mora no Uruguai,  coisa de mais de trinta anos. Uma briguinha aqui e ali, mas o tempo não apagou quase nada, e modificou muito pouco. Há também casamentos indissolúveis, ou aquelas pessoas que nutrimos maior respeito e sabemos que é recíproco, mas muitas vezes nem as conhecemos direito. Mas nesses momentos, sim, a parceria quindim-merengue está sendo construída.

   Como diz um provérbio romano: " Se for roseira, florescerá". Se for para dar certo, a parceria dará, se for para não dar...

   No que completo: quindim só combina com merengue. E merengue, só combina com quindim.

por ANA CECÍLIA ROMEU

http://anaceciliaromeu.blogspot.com

 

 

Dentro de um abraço, de Martha Medeiros
Espelho mágico
Ele é mesmo imortal
Pastelzinho de amanhã
Tribo nossa de cada idade
Viagem intergaláctica
Cria Atividade
A tristeza permitia de Martha Medeiros
Tratado sobre a paixão literária
O bate-estaca do Chevettão 75
Francamente, senhor Wilde
Tragédias anunciadas
Brincando de Blog
Coitadinhos dos nossos ouvidos
O amor deixa muito a desejar, por Jabor
Garota de Subúrbio
Tiririca da vida?
Para se roubar um coração
Saudade nenhuma de mim
O futebol e os brasileiros
Por uma vida sustentável
Alunos apáticos, escola idem.
Os desafios da biblioteca na nova escola
35 Anos para Ser Feliz
Complexo de Guaipeca, por Carpinejar
A falta que ela me faz
Lya Luft e o ano de pensar
A elegância do comportamento
Um homem que educava pelo exemplo
Antes que a Feira do Livro desapareça!
A Última Crônica
Uma homenagem aos professores
Dos oito aos oitenta
Mais uma de Arnaldo Jabor
Curiosidades sobre o Rio Grande do Sul
Algumas piadas para adoçar a vida!
Exigências da vida moderna
Moacyr Scliar: O Senhor do Anel
Sumiço de Belchior
Sentir-se amado, de Martha Medeiros
Histórias de bichos e de livros
David Coimbra, o fusca e o frio
OS 100 ANOS DO GRE-NAL
O eu invisível
O Avião
Marias-gasolina, por Martha Medeiros
O bem e o mal da internet
A língua em todas as disciplinas
A formação do cidadão
A mentira liberdade
O bom professor
O papel da escola e dos pais
O que ensinar nas aulas de Português
Beijo na boca de Martha Medeiros
Neocaipiras - de L F Verissimo
Consumismo e solidariedade no Natal
Como lidar com o diferente
Solidariedade e egoísmos
Os talentos em sala de aula
Os casamentos na praça dos livros
A maldição da norma culta
O curso de datilografia
Os pais são os culpados
Papéis invertidos
Professor de qualidade para todos
Pense nos seus professores
Uma vida de presente
Alma galponeira e peregrina
Educação ou dissecação?
Mais sombra e menos água fresca
A neutralidade como dever
As três irmãs
A vírgula - por Martha Medeiros
Avaliação não é ameaça
Somos sempre aprendentes
A reforma ortográfica
Humor: filho estudante escreve p/ pais
Crônica do amor, por Arnaldo Jabor
Tive uma idéia!
Remendar por não prevenir
Meu zeloso guardador
Não sorria, você está sendo filmado
A síndrome da notícia ruim
Mulheres do século XXI
Quase
A professora e a justiça
O universitário e o frentista
 
Roger Tavares - Todos os direitos reservados © Desenvolvido por iPoomWeb